Escaravelho-da-batata

Escaravelho-da-batata

Dorífora

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Leptinotarsa decemlineata

Leptinotarsa decemlineata, comummente conhecido como escaravelho-da-batata ou dorífora, é uma espécie de inseto da ordem Coleoptera e da família dos Crisomelídeos, caracterizada pelos seus élitros amarelos exornados de riscas pretas.

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Este fitófago, especializado em plantas da família Solanaceae, é uma importante praga, tanto no estado adulto como no estado larval, das plantações de batateira que pode destruir por inteiro.

Também pode atacar outras solanáceas cultivadas, como tomate e beringela. Se aínda represente uma séria ameaça em certas regiões, como no Nordeste dos Estados Unidos, Canadá, Europa Oriental, já é muito menos temido na Europa Ocidental.

É nativo do México, onde originalmente vivia às custas das solanáceas selvagens, foi descoberto pela primeira vez nos Estados Unidos, onde invadiu as plantações de batata no final do século XIX, antes de ser introduzido na Europa no final da Primeira Guerra Mundial. Desde então, espalhou-se por grande parte da América do Norte, bem como áreas temperadas do Velho Continente até o Extremo Oriente. O seu potencial de expansão ainda é significativo, porquanto se encontra ausente de áreas importantes para o cultivo de batata, como a América Latina, Austrália, subcontinente indiano e grande parte da China. É classificada como praga de quarentena por todas as organizações fito-sanitárias regionais, está sobre rigorosas medidas de monitoramento para evitar sua disseminação. A luta contra o escaravelho-da-batata ainda depende em grande parte de inseticidas químicos, apesar do aparecimento de fenómenos de resistência a todas as classes de substâncias utilizadas.

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Na cultura

O controle cultural do escaravelho-da-batata baseia-se principalmente na prática da rotação de culturas, que é a técnica mais fácil de aplicar e a mais eficaz na redução da reprodução do inseto no início da safra. Com efeito, quando uma cultura de batata segue, na mesma parcela, a de uma planta não hospedeira, como um cereal, por exemplo, a densidade de postura da primeira geração é bastante reduzida, desde que seja respeitado uma distância mínima com as parcelas previamente cultivadas com batatas, sendo os escaravelhos relativamente móveis.

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A escolha das datas de plantação pode também ajudar a eliminar as larvas de segunda geração em áreas onde possam existir. A plantação precoce permite que as plantas sejam destruídas mais cedo e, portanto, elimina a fonte de alimento para as novas larvas. Da mesma forma, plantações tardias fazem com que a segunda geração de adultos, que aparecem já durante o outono com dias mais curtos, entre rapidamente em diapausa, o que exclui uma segunda geração de larvas. No entanto, essas práticas devem ser compatíveis com o plano de cultivo e com a demanda do mercado.

A cobertura morta também é uma prática que retarda a chegada dos escaravelhos e o período de postura e favorece os predadores de ovos e larvas. No entanto, só é economicamente viável em pequenas áreas, na horticultura comercial ou na jardinagem.

Plantar culturas armadilhas pode ser uma forma de reduzir os surtos de escaravelhos e tem sido objeto de vários estudos. Mostrou-se eficaz na proteção das plantações de tomate pela inserção de fileiras de batateiras, sendo esta planta de longe a fonte de alimento preferida para os escaravelhos. A estratégia de proteção de um campo de batata consiste em cultivar algumas fileiras de batatas mais precoce na borda do campo principal para atrair os adultos que emergem no início da safra. Eles podem então ser eliminados tratando apenas a cultura "armadilha" com inseticida, que é então destruída.

Segundo alguns autores, a presença de solanáceas silvestres como a Erva-moura ou (Datura stramonium, figueira-do-diabo) perto das batatas as protegeria do escaravelho, atraindo e envenenando as larvas.

A coleta manual de adultos, larvas e ovos, seguida de sua destruição, é o principal meio de controle utilizado historicamente. Este é um método que permanece válido para pequenas áreas (jardins).

Diferentes métodos físicos têm sido desenvolvidos para controlar a proliferação dos escaravelhos :

  • Em 1936, sem ser premiado, foi apresentado no "Concours Lépine", uma máquina para apanhar escaravelhos. Essa "batia" as batateiras e recolhia os insetos em dois sacos de cada lado;
  • a sucção pneumática elimina, segundo um estudo americano de 1992, de 27 a 40 % de larvas de acordo com seu estágio de crescimento e 48 % dos adultos. Uma máquina, chamada the Beetle Eater (o comedor de insetos ”) foi inventada em Novo Brunswick, combinando um jato de ar para separar adultos e larvas da folhagem e um sistema de vácuo para apanha-los. Os limites desse processo vêm da dificuldade de desenganchar as larvas jovens escondidas no topo da folhagem e do reflexo de tanatose dos adultos que, ao perceberem um perigo, se deixam cair no chão onde não são sugados. Além disso, esta técnica não é seletiva, sugando também os inimigos naturais dos escaravelhos;
  • a queima com queimadores de propano é eficaz contra os adultos que colonizam as culturas no início da estação, bem como as massas de ovos, sem causar danos significativos ou ligeiro atraso no crescimento das plantas jovens. Os melhores resultados foram obtidos durante experimentos em Long Island em 1989 para plantas de 10 a 15 cm. Essa técnica também pode ser usada no final da temporada, combinando a destruição de insetos com a desrama. Temperaturas entre 150 a 200 °C permitam tanto a desrama como a eliminação dos insetos com uma taxa de mortalidade de 75 %. No entanto, esta técnica apresenta desvantagens em termos de custo energético e implementação, principalmente devido aos períodos de uso;
  • a abertura de valas de armadilha forradas com filme plástico nas margens dos campos elimina metade dos escaravelhos migrando no solo;
  • cobrir as plantações com véus leves, cria uma barreira a todos os insetos, sem impedir o crescimento de plantas que não precisam de ser polinizadas.
  • em agricultura biológica (produção orgânica) a solução de sulfato de cobre, chamada calda bordalesa é usada pela sua dupla ação como fungicida para combater o míldio ou requeima da batata e como repelente do escaravelho-da-batata.

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Aparência

Na fase adulta (imago) é um inseto de 10 a 12 milímetro de comprimento, de forma oval, fortemente abobadado no topo. A cabeça amarela apresenta uma mancha frontal com a forma da letra V. O tórax, castanho avermelhado, apresenta algumas manchas pretas. Cada élitro, amarelo claro, tem cinco bandas longitudinais pretas características.O dimorfismo sexual é muito fraco. O macho é ligeiramente menor e mais alongado. Somente o exame do último esclerito do lado ventral permite distinguir os sexos. Os machos têm uma pequena depressão, ou covinha, ausente nas fêmeas. O sexo masculino pode ser confirmado pela observação do Wikt:edeago em forma de foice e fortemente esclerótico.

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Os ovos, de cor amarelo e de forma oval alongada, têm 1,5 a 2 milímetro de comprimento e 0,8 milímetro de largura em média. Eles são dissimulados na face inferior das folhas das plantas hospedeiras, em grupos de 20 a 30, ou até mais.

A larva é do tipo eruciforme (lagarta). Caracteriza-se por uma pequena cabeça preta, com seis Ocelos atrás das antenas e um par de mandíbulas mastigadoras, um tórax vermelho-alaranjado com três pares de pernas pretas, com o protórax cobrindo o primeiro segmento, preto tornando-se parcialmente castanho no quarto estado larvária e um abdómen arqueado, cifossomático e macio. Composto por nove segmentos, o abdómen apresenta uma coloração vermelho-alaranjada na primeira fase, que se torna mais escura posteriormente. O último segmento, com propriedades adesivas, atua como pseudópodes. Os segmentos do abdómen são adornados lateralmente com duas fileiras de manchas pretas, as da fileira superior circundando os estigmas. Quando totalmente crescida, a larva tem 11 a 12 milímetro de comprimento.

A pupa, de cor laranja, tem cerca de 10 milímetro de comprimento. O sexo também pode ser distinguido na ninfa. De fato, uma depressão pode ser observada na superfície ventral do sétimo segmento abdominal apenas no sexo masculino.

As cores vivas e contrastantes dos adultos e das larvas têm um caráter disuador, alertando possíveis predadores sobre o sabor desagradável e a toxicidade desses organismos, o que sem dúvida, facilitou a proliferação desse inseto.

Os adultos assemelham-se aos outros de cinco espécies pertencentes ao mesmo género, porém o risco de confusão é baixo, sendo a disposição e o número de faixas escuras nos élitros diferentes. Além disso, nenhuma dessas espécies parasita a batata. Isso é : Leptinotarsa defecta, Leptinotarsa juncta, Leptinotarsa texana, Leptinotarsa tumamoca, Leptinotarsa undecimlineata.

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Distribuição

Geografia

Na sua área nativa, o México, as florestas são o habitat natural do escaravelho-da-batata. Depois, espalhou-se por terras cultivadas (campos, parques e jardins), procurando também sebes e matagais para hibernar. O inseto, sensível ao frio, precisa no verão de pelo menos de 60 dias com a temperatura acima de 15 °C.

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Em 2011, a área de distribuição do escaravelho estendia-se principalmente no hemisfério norte, na América do Norte onde é nativo (cerca de oito milhões de quilómetros quadrados) e na Eurásia onde se estabeleceu após a Primeira Guerra Mundial para chegar ao Extremo Oriente em o final século XX (cerca de seis milhões de quilómetros quadrados).

Na Eurásia, encontra-lo em toda a Europa, (exceto na Islândia), mesmo na Escandinávia, onde foi avistado por várias vezes, em particular na Finlândia em 1998 e de 2002 a 2007, mas não se instalou lá. Na Rússia, onde se estabeleceu nas franjas da taiga, o escaravelho da batateira atingiu a latitude de 62° de latitude norte Também está ausente dos Açores, Madeira, Ilhas Baleares, bem como de Malta e Chipre.

Seu potencial de expansão é muito importante: poderia espalhar-se ainda em todas as regiões temperadas do globo onde a batata é cultivada, em particular na Ásia Oriental, no subcontinente indiano, no norte da África e na África Austral, na América Latina, Austrália e Nova Zelândia, enquanto o aquecimento global poderia favorecer sua extensão para o norte

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Zonas climáticas

Hábitos e estilo de vida

Estilo de vida

Dieta e nutrição

Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

No início da primavera, quando o solo aqueceu o suficiente, pelo menos 10 °C, os adultos sobreviventes que hibernaram profundamente no solo saem do período de diapausa. Eles geralmente precisam de acumular 50 a 250 graus-dia para emergir do solo. Imediatamente dirigem-se para as plantas hospedeiras para alimentar-se por alguns dias e regenerar seus músculos de voo. Eles podem andar no chão por várias centenas de metros mas ainda precisam de acumular mais calor e insolação para poder voar e acasalar.

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Os ovos, de cor amarelo-alaranjada, são colocados em pequenos cachos de 20 a 40 (36 ovos em média), presos na parte inferior das folhas. Pode-se encontrar de 500 a 800 ovos por folha. A espécie é muito prolífica, sendo que uma fêmea pode colocar em média 800 ovos, com um máximo de 3 000 ovos.

As larvas jovens, muito vorazes, nascem após 10 à 15 dias e alimentam-se das folhas da batateira ou na sua ausência de outras solanáceas cultivadas ( v.g. tomate, beringela ) ou silvestres (Erva-moura, agridoce, datura ).

Após três mudas, a larva completou o seu desenvolvimento; então ela desce ao solo e enterra-se a cerca de 10 centímetro de profundidade para transformar-se numa ninfa e depois num inseto adulto. A pupação dura de 10 a 20 dias. Os adultos da nova geração podem entrar num novo ciclo reprodutivo ou, ao final da estação, enterrar-se para entrar em diapausa.

O ciclo completo, do ovo ao adulto, geralmente leva de um mês a um mês e meio. No entanto pode variar em função da temperatura de 14 a 56 dias, sendo a temperatura ótima entre 25 e 32 °C. Dependendo do clima, pode haver entre uma a três gerações por ano, ou até quatro nas regiões mais quentes se os insetos encontrarem plantas hospedeiras, como tomateiros ou beringelas depois do fim da cultura da batatateira.

No final do verão, os adultos sobreviventes enterram-se no solo para hibernar a uma profundidade de 30 a 40 centímetros. A taxa de sobrevivência no final da hibernação foi estimada em mais de 60 %.

Os escaravelhos da batata são atraídos pelas batateiras por compostos voláteis emitidos pela folhagem e que consistem em uma mistura de terpenóides. Essas emissões são amplificadas em plantas já atacadas pelos insetos. Além disso, os escaravelhos machos produzem um feromônio agregador, (S) 3,7-dimetil-2-oxo-oct-6-eno-1,3-diol com a fórmula estrutural condensada (CH 3 ) 2 C=CH 2 CH 2C ( CH3 )OHC(=O)CH2OH

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População

Ameaças à população

O escaravelho possui, na América do Norte, muitos inimigos naturais, predadores ou parasitas de adultos, ovos e larvas, que contribuem para limitar suas populações. Esses inimigos pertencem a vários grupos de animais : insetos, aracnídeos, nematóides. Existem também fungos e micróbios. Alguns foram estudados para um eventual controle biológico do escaraveho.

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Insetos incluem Neuroptera (família Chrysopidae ), Hemiptera predador (família Pentatomidae ), Diptera (moscas parasitas da família Tachinidae ), besouros predadores (família Coccinelidae, Cicinilidae, Staphylinidae e Carabidae ), bem como himenópteros (vespas e formigas) predadores e parasitas.

Entre os predadores mais especializados destacam-se uma espécie de besouro da família Carabidae, Lebia grandis, cujos adultos e larvas se alimentam à custa dos ovos e larvas do escaravelho, hemípteros da família Pentatomidae, Perillus bioculatus, que também se alimenta dos ovos e larvas. Podisus maculiventris, um predador generalista e polífago que ataca 90 espèces de insetos, incluindo o escaravelho-da-batata. e Oplomus dichrous, outro inseto predador mais adaptado a climas quentes

Entre os parasitóides estão duas espécies de Diptera da família Tachinidae, Doryphorophaga doryphorae e Doryphorophaga aberrans, além de uma vespa da família Eulophidae, Edovum puttleri, descoberta na Colômbia onde parasitava ovos de Leptinotarsa undecimlineata, espécie parente do escaravelho.

Os nematóides entomopatogênicos que parasitam o escaravelho pertencem à ordem Rhabditida. Entre as mais virulentas estão espécies dos géneros Steinernema (S. carpocapsae, S. feltiae) e Heterorhabditis (H. bacteriophora, H. megidis, H. marelata).

O Beauveria bassiana (Bals. -Cri. ) Vuill, um fungo entomopatogênico generalista, também parasita escaravelhos adultos. Este fungo é parasitado por um fungo micoparasitário da mesma classe dos Sordariomycetes, Syspastospora parasitica. Uma relação tritrófica é assim estabelecida entre o escaravelho, o fungo entomopatogénico e o fungo micoparasitário.

A bactéria Bacillus thuringiensis subsp. tenebrionis é conhecida por produzir toxinas letais para o escaravelho. Outras bactérias entomopatogénicas também a produzem, é o caso de Photorhabdus luminescens que infecta o escaravelho através de um nematóide entomopatogênico endoparasitário e produz um " complexo proteico A (TCA) tóxico por ingestão. Spiroplasma, bactérias da classe Mollicutes, parasitas comensais do trato digestivo, foram isoladas no escaravelho tanto na América do Norte como na Europa

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Referências

1. Escaravelho-da-batata artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Escaravelho-da-batata

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