Orca
Reino
Filo
Subfilo
Classe
Infraordem
Família
Género
Espécies
Orcinus orca
Tamanho da população
50,000
Vida útil
30-100 years
Velocidade máxima
45
28
km/hmph
km/h mph 
Peso
3-6
6613.9-13227.7
tlbs
t lbs 
Comprimento
6-9
19.7-29.5
mft
m ft 

A Orca (Orcinus orca) é o membro da família dos golfinhos de maior porte e é um superpredador versátil, que inclui na sua dieta presas como peixes, moluscos, aves, tartarugas, focas, tubarões e animais de tamanho maior quando caçam em grupo, como por exemplo baleias. Apesar de “baleia-assassina” ser uma designação incorreta, por ser uma tradução direta do inglês “killer whale”, e pelo facto de o animal não ser uma baleia, ela é comumente usada. É o segundo mamífero de maior área de distribuição geográfica, logo a seguir ao homem, é encontrada em todos os oceanos e pode chegar a pesar nove toneladas.

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Têm uma vida social complexa, baseada na formação e manutenção de grupos familiares extensos. Comunicam-se através de sons e costumam viajar em formações que assomam ocasionalmente à superfície. A primeira descrição da espécie foi feita por Plínio, o Velho o qual já a descrevia como um monstro marítimo feroz. As orcas são um dos predadores mais eficientes da natureza, e não são predadas por praticamente nenhum animal conhecido.

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Aparência

Estes animais caracterizam-se por terem o dorso negro e a zona ventral branca. Têm ainda manchas brancas na parte lateral posterior do corpo, bem como acima e detrás dos olhos. Com um corpo pesado e entroncado, têm a maior barbatana dorsal do Reino animal, que pode medir até 1,8 metros de altura (maior e mais erecta nos machos que nas fêmeas). Os machos podem medir de 9,8 até 10 metros de comprimento e pesar até 9.000 - 10.000 kg (9 - 10 toneladas); as fêmeas são menores, chegando aos 8,5 metros e 6.500 - 7.500 kg (entre 6 e 8 toneladas), respectivamente. As crias nascem com cerca de 180 kg e medem cerca de 2,4 metros de comprimento.

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As orcas macho de maiores dimensões têm um aspecto distinto que não dá margem para confusões ao serem identificados. Contudo, vistas à distância em águas temperadas, as fêmeas e as crias podem confundir-se com outras espécies, como a falsa-orca ou o golfinho-de-risso.

A maior parte dos dados sobre a vida das orcas foi obtida em pesquisas de longa duração com populações da costa da Columbia Britânica e de Washington, bem como pela observação de animais em cativeiro. A informação disponível sobre esta espécie é avultada e está devidamente sistematizada pelos naturalistas, o que se deve também à natureza altamente estruturada dos grupos sociais destes animais. Contudo, grupos transitórios ou residentes noutras áreas geográficas podem ter características ligeiramente diferentes. As fêmeas atingem a maturidade sexual aos 15 anos de idade. A partir dessa altura, têm períodos de ciclo poliestral (cio regular e contínuo) com períodos sem o ciclo estral que podem durar de três a dezesseis meses. As fêmeas podem dar à luz uma só cria, uma vez cada cinco anos.

Nos grupos sociais analisados, os nascimentos podem ocorrer em qualquer época do ano, havendo uma certa preferência pelo inverno. A mortalidade dos recém-nascidos é elevada - os resultados de uma investigação sugerem que cerca de metade das crias morrem antes de atingir os seis meses. Os filhotes são amamentados até aos dois anos de idade, mas com doze meses já se alimentam de comida sólida. As fêmeas são férteis até aos 40 anos, o que, em média, significa que podem ter até cinco crias. A esperança de vida das fêmeas é, geralmente, de cinquenta anos, ainda que em casos excepcionais possam viver até aos noventa anos. Os machos tornam-se sexualmente activos com 15 anos de idade e chegam a viver até aos 30 anos (ou até aos 50, em casos excepcionais).

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Vídeo

Distribuição

Geografia

A orca é o segundo mamífero com maior área de distribuição geográfica no planeta, logo a seguir ao ser humano. Encontram-se em todos os oceanos e na maior parte dos mares, incluindo (o que é raro, para os cetáceos) o mar Mediterrâneo e o mar da Arábia. As águas mais frias das regiões temperadas e das regiões polares são, contudo, preferidas. Ainda que se encontrem por vezes em águas profundas, as áreas costeiras são geralmente preferidas aos ambientes pelágicos.

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Existem populações de orcas particularmente concentradas na zona nordeste da Bacia do Pacífico, onde o Canadá faz curva com o Alasca, ao longo da costa da Islândia e na costa setentrional da Noruega. São frequentemente avistadas nas águas antárcticas, acima do limite das calotas polares. De facto, crê-se que se aventuram abaixo da calota de gelo, sobrevivendo apenas com o ar presente em bolsas de ar situadas abaixo do gelo, tal como faz a beluga. No Ártico, contudo, a espécie é raramente avistada no inverno, não se aproximando da calota polar, visitando estas águas apenas no verão.

A informação sobre outras regiões é escassa. Não existe uma estimativa para a população global total. Estimativas locais indicam cerca de 70 a 80 000 na Antárctida; 8 000 no Pacífico tropical (ainda que as águas tropicais não sejam o ambiente preferido destes animais, a grande dimensão desta área oceânica - 19 milhões de quilômetros quadrados - significa que poderão aí viver milhares de orcas); cerca de 2 000 junto ao Japão; 1 500 nas águas mais frias do nordeste do Pacífico e 1 500 junto à Noruega. Se juntarmos os dados de estimativas menos precisas sobre áreas menos investigadas, a população total poderá ascender aos 100 000.

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Orca Mapa do habitat
Orca Mapa do habitat
Orca
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Hábitos e estilo de vida

As orcas têm um sistema social de agrupamento bastante complexo: a unidade básica é a linha matriarcal que consiste numa única fêmea, mais velha, e os seus descendentes. Os filhos e filhas da matriarca fazem parte desta linha, tal como os filhos e filhas destas últimas filhas - contudo, os filhos e filhas de qualquer um dos filhos passarão a viver com a linha matriarcal das suas companheiras de acasalamento - e assim sucessivamente, ao longo da árvore genealógica destes animais.

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Como as fêmeas podem viver até cerca de noventa anos, não é raro encontrar quatro ou mesmo cinco gerações de orcas a viver na mesma linha. Estes grupos matrilineares são muito estáveis e mantêm-se durante anos. Os seus elementos apenas os abandonam, nunca mais de algumas horas, com o fim de procurar alimento ou acasalar. Não há registro de nenhuma expulsão de um indivíduo destes grupos. O tamanho médio de uma linha matriarcal é de cerca de nove animais, segundo as estatísticas efectuadas junto às orcas do Pacífico nordeste.

As linhas matriarcais têm alguma tendência a juntarem-se a outras, de forma a constituírem grupos que têm, em média, cerca de 18 indivíduos. Os membros de um grupo partilham do mesmo dialecto (os sons distintivos da espécie), havendo indícios de que são todos aparentados pelo lado materno. Ao contrário das linhas matriarcais, os grupos podem separar-se nas linhas que os constituem por vários dias ou semanas, em busca de comida, até voltarem a juntar-se. O maior grupo registrado tinha 49 membros.

O próximo nível de organização dos grupos de orcas é o "clã", que consiste na reunião dos vários grupos com dialectos semelhantes. Novamente, verifica-se que as relações entre os vários grupos têm um fundamento genealógico, por linha materna. Vários clãs podem partilhar a mesma área geográfica. Há registro de grupos de clãs diferentes viajando em conjunto. Quando grupos residentes se juntam para viajarem como um clã, há um ritual de reconhecimento, com saudações que consistem em colocarem-se em linhas paralelas semelhantes, antes de se misturarem por completo.

O último nível de associação é a comunidade que pode ser definida, vagamente, como o conjunto de clãs que se unem regularmente. As comunidades não partilham, contudo, quaisquer padrões familiares vocais discerníveis.

No nordeste do Pacífico conseguiu-se identificar três comunidades:

Deve-se enfatizar que estas hierarquias são apenas válidas para grupos sedentários ou residentes. Grupos nômadas, caçadores de mamíferos, são, na generalidade, menores porque, ainda que se baseiem em linhas matriarcais, nota-se uma maior tendência dos machos para levarem uma vida isolada. Contudo, grupos nómadas mantém uma vaga coesão definida pelos seus dialectos.

O comportamento quotidiano das orcas é, geralmente, dividido em quatro actividades básicas: busca de alimento, viagem, descanso e socialização. Esta última costuma ser acompanhada de comportamentos entusiásticos, exibindo vários tipos de saltos e arremessos do corpo, espreitadelas sobre a água, além de baterem com as barbatanas na água e erguerem a cabeça. Grupos constituídos apenas por machos interagem, frequentemente, com os pénis erectos. Não se sabe se este género de interacção é um comportamento apenas lúdico ou se comporta manifestações de afirmação de papéis de dominação.

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Comportamento sazonal

Dieta e nutrição

As orcas utilizam na sua alimentação uma grande diversidade de presas diferentes. Populações específicas têm tendência a especializar-se em presas específicas, mesmo com o prejuízo de ignorarem outras presas em potencial. Por exemplo, algumas populações do mar da Noruega e da Groenlândia são especializadas no arenque, seguindo as rotas migratórias deste peixe até à costa norueguesa, em cada outono. Outras populações preferem caçar focas.

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A orca sendo da família dos golfinhos é o único cetáceo que caça regularmente outros cetáceos. Há registos de vinte e duas espécies de cetáceos caçadas por orcas, seja pelo exame do conteúdo do estômago, seja pela observação das cicatrizes no corpo de outros cetáceos ou, simplesmente, pela observação do seu comportamento alimentar. Grupos de orcas chegaram mesmo a atacar baleias comuns, baleias-de-minke, baleias-cinzentas ou, mesmo, jovens baleias-azuis. Neste último caso, os grupos de orcas perseguem a cria de baleia azul, em conjunto com a sua mãe, até ao esgotamento de ambas. Por vezes conseguem separar o par. De seguida, rodeiam a jovem baleia, impedindo-a de subir à superfície onde esta precisa de tomar ar para respirar. Assim que a cria morre afogada, as orcas podem alimentar-se sem problemas.

Há também um caso registado de provável canibalismo. Um estudo levado a cabo por V. I. Shevchenko nas áreas temperadas do Sul do Pacífico em 1975 registou a existência de restos de outras orcas no estômago de dois machos. Das 30 orcas capturadas e examinadas nesta pesquisa, 11 tinham o estômago completamente vazio. Uma percentagem invulgarmente alta que indicia que o canibalismo foi forçado, devido à falta extrema de alimento.

Mais frequentemente, contudo, as orcas predam cerca de 30 espécies diferentes de peixes, nomeadamente o salmão (incluindo salmão-real e salmão-prateado), arenques e atum. O tubarão-frade, o tubarão-galha-branca-oceânico e, com apenas um caso documentado, um jovem tubarão-branco, são também caçados pelos seus fígados altamente nutritivos, acreditando-se também que são caçados no sentido de eliminar ao máximo a competição. Outros mamíferos marinhos, incluindo várias espécies de focas e leões marinhos são também procurados pelas populações que vivem nas regiões polares. Morsas ou lontras marinhas são também caçadas, mas menos frequentemente. A sua dieta inclui ainda sete espécies de aves, incluindo todas as espécies de pinguins ou aves marinhas, como os corvos-marinhos. Alimentam-se também de cefalópodes, como o polvo ou lulas.

As orcas são muito inventivas, e de uma crueldade brincalhona impressionante nas suas matanças. Por vezes, atiram focas umas contra as outras, pelo ar, de modo a atordoá-las e matá-las. Enquanto que os salmões são, geralmente, caçados por uma orca isolada ou por pequenos grupos, os arenque são muitas vezes apanhados pela técnica da captura em carrossel: as orcas forçam os arenques a concentrarem-se numa bola apertada, cercando-os e assustando-os soltando bolhas de ar ou encandeando-os com o seu ventre branco. As orcas batem, então, com os lobos da cauda sobre o grupo arrebanhado, atordoando ou matando cerca de 10 a 15 arenques com cada pancada. A captura em carrossel só foi documentada na população masculina de orcas de Tysfjord (Noruega) e no caso de algumas espécies oceânicas de golfinhos.

Os leões marinhos são mortos por golpes de cabeça ou pancadas com os lobos da cauda. Esse tipo de ataque deve-se, principalmente, ao fato de a mordedura das orcas não possuir característica de impacto suficiente para provocar a morte da presa sem causar ferimentos e/ou danos ao animal. Apesar da presença de dentes, estes não são suficientemente grandes para causar a morte da presa.

Outras técnicas mais especializadas são utilizadas por várias populações no mundo. Na Patagónia, as orcas alimentam-se de leões marinhos do sul e crias de elefantes marinhos, forçando as presas a dar à costa, mesmo correndo o risco de elas mesmas ficarem, temporariamente, em terra. As orcas observam o que se passa à superfície, através de um comportamento designado de spyhopping, que lhes permite localizar focas a descansar sobre massas de gelo flutuante. A técnica consiste em criar uma onda que obrigue o animal a cair à água, onde outra orca o espera, para o matar.

Em média, uma orca come cerca de 220 kg de comida por dia. Com uma tal variedade de presas e sem outros predadores que não o homem, é um animal bem no topo na cadeia alimentar.

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Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

População

Ameaças à população

As orcas tornaram-se alvo da caça comercial a partir de meados do século XX devido ao esgotamento das reservas de espécies de maior porte. Esta atividade teve um final abrupto em 1981 com a implementação de uma moratória internacional sobre a caça à baleia. O seu enorme tamanho justifica a sua inclusão entre as espécies protegidas pela Comissão internacional para a caça da baleia, mesmo não sendo uma baleia.

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O país que mais caçava orcas era a Noruega que capturou, em média, 56 animais por ano, de 1938 a 1981. O Japão capturou, também em média, 43 orcas por ano, de 1946 a 1981. (não há dados fiáveis sobre os anos de guerra, mas supõe-se que tenham sido caçados menos exemplares). A União Soviética caçava uma pequena quantidade de animais todos os anos no Antártico, à exceção de uma época extraordinária de caça, ocorrida em 1980, durante a qual se capturaram 916 orcas.

Hoje em dia, não é realizada caça substancial à espécie. O Japão captura alguns indivíduos quase todos os anos, no âmbito de um programa de "pesquisa científica" controverso. É prosseguido um nível de captura igualmente baixo pela Indonésia e Gronelândia. Além de caçadas para servirem de alimento humano, as orcas são também mortas porque alguns defendem que entram em competição com os pescadores. Na década de 1950, a Força Aérea dos Estados Unidos, a pedido do Governo da Islândia, usou bombas e armas de fogo na chacina de grupos de orcas nas águas da Islândia, sob esse mesmo pretexto. A operação foi considerada um êxito pelos pescadores e pelo governo islandês. Opositores desta medida, contudo, afirmaram que a queda nas reservas de peixe se deve à pesca excessiva por parte do ser humano. Este debate continua sem que cada parte aceite ceder terreno à outra.

As orcas são ainda, ocasionalmente, mortas devido ao medo que a sua reputação provoca. Ainda que nenhum ser humano tenha sido atacado por uma orca em liberdade, os marinheiros do Alasca matam-nas com o intuito de protegerem-se. Este medo tem vindo a ser dissipado nos últimos anos devido a uma melhor informação das populações em relação à espécie, além da popularidade que estes animais têm em aquários e outras atrações turísticas afins.

O derramamento de crude do petroleiro Exxon Valdez teve um efeito particularmente adverso na população de orcas do Alasca. Um dos grupos de orcas foi apanhado pelo derrame. Ainda que tenha conseguido nadar para águas limpas, onze membros do grupo (cerca de metade) morreram nos dias e semanas seguintes. O derramamento teve outros efeitos a longo prazo, ao reduzir a quantidade disponível de presas necessárias para a alimentação. Em dezembro de 2004, cientistas da North Gulf Oceanic Society comprovou que o grupo AT1, agora apenas com sete membros, estava afectado por alguma forma de esterilidade, já que falhou, desde então, qualquer tentativa de reprodução. Espera-se que a sua população decresça até à sua extinção.

Tal como outros animais de níveis tróficos mais elevados da cadeia alimentar, a orca é particularmente susceptível ao envenenamento pela acumulação de bifenil policlorado (ou PCBs) no corpo. Uma pesquisa efectuada sobre orcas residentes ao longo da costa de Washington demonstra que os níveis de PCB são mais elevados nestes animais que os níveis encontrados em espécimes de foca-comum na Europa, envenenados e com a sua saúde gravemente afectada por este produto químico. Contudo, não há qualquer evidência de doença nas orcas, ainda que se suponha que tenha efeitos, por exemplo, na taxa de reprodução que poderá decrescer no futuro.

As orcas são obrigadas a enfrentar outras ameaças ambientais, como a indústria turística que, através da organização extensiva de actividades de observação de baleias, parece ter efeito em algumas mudanças comportamentais destes animais. Foi também provado que ruídos de elevada intensidade em navios têm modificado a frequência dos cantos e chamamentos específicos da espécie.

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Curiosidades para crianças

  • As baleias assassinas não costumam atacar os seres humanos, mas têm esse nome devido à sua capacidade de derrubar animais grandes, como outras baleias e leões-marinhos. Eles atacarão quase qualquer animal no mar, no ar acima deles ou ao longo da costa.
  • Os romanos deram o nome "Orca" a estas baleias e o nome tornou-se popular ao longo dos anos.
  • Quando as orcas nascem, elas têm uma barbatana dorsal flexível, que enrijece à medida que envelhecem.
  • Na década de 1960, as orcas fizeram a sua enorme estreia em programas marinhos.
  • Os filmes mais populares que apresentaram baleias assassinas incluem Happy Feet, Libertem Willy e Namu: A Baleia Assassina.
  • Estas baleias têm o segundo maior cérebro de todos os mamíferos marinhos. Apenas o cachalote tem um cérebro maior.

Coloring Pages

Referências

1. Orca artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Orca
2. Orcano site da Lista Vermelha da IUCN - http://www.iucnredlist.org/details/15421/0

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