Cuíca, Jupati, Chichica, Quaiquica, Guaiquica
Marmosa murina, popularmente designada cuíca, jupati, chichica, quaiquica e guaiquica, é uma espécie de marsupial da família dos didelfiídeos (Didelphidae). Pode ser encontrada na Bolívia, Brasil, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Trindade e Tobago.
A designação popular cuíca advém do tupi-guarani *ku'ika, enquanto guaiquica do também tupi-guarani *wai-kuíka. Já a designação chichica tem origem desconhecida.
É um animal de pequeno porte, com comprimento da cabeça e corpo entre 85 e 163 milímetros. Seu crânio pode ser dividido em duas partes: região cerebral e região facial, compostas também por suas subdivisões denominadas por rostro, caixa craniana, região orbital (espaço ósseo onde se localiza os olhos), palato (parte óssea superior da boca) e basicrânio (osso que dá base e sustentação a caixa craniana).
Através de estudos desenvolvidos relacionado a anatomia desse animal foi observado que a base do crânio também denominado de basicrânio do mesmo é composto por diversos forames que são importantes para a passagem de ligamentos. Seus dentes incisivos superiores estão localizados na região do pré maxilar, os demais dentes se localizam diretamente no maxilar.
Sua cauda, que é coberta por escamas espiraladas e pêlos curtos, têm comprimento entre 142 e 225 milímetros, comprimento esse que ultrapassa o tamanho do seu crânio e corpo, que pesa entre 18 e 100 gramas.
O órgão reprodutor de espécies masculinas desse marsupial possui musculaturas responsáveis pela ereção e ejaculação que se denominam isquiocavernosas, para ereção e liberação de urina esses músculos são auxiliados por tecidos bulboesponjosos que se localizam na raiz peniana, já os músculos retratores que tem como função retrair o falo do animal se localizam na região sublombar. Sua glande possui uma fenda, bifurcada para originar a uretra também dividida por duas fendas uretrais.
Essa espécie possui uma faixa de pêlos escurecidos ao redor dos olhos, enquanto sua pelagem comumente macia e densa, que se localiza na região dorsal é marrom-acinzentada e a ventral é homogeneamente creme. Suas patas possuem cinco dedos que possuem seis almofadas (quatro em seus dígitos além de duas no pulso) e garras, por ser um animal arborícola seus dedos são mais longos. Seus pés também possuem cinco dígitos, sendo o polegar o maior e o único desprovido de garras
A marmosa murina é uma espécie abundante nos devidos biomas brasileiros como cerrado, pantanal e mata atlântica sendo a mesma espécie terrestre e arborícola. É bastante encontrada em pequenas áreas florestais que possuem vegetações abertas. Sua seletividade de habitat tende a ser maior em períodos de estação reprodutiva.
Melo, Geruza. Sponchiado, Jonas. Distribuição Geográfica dos marsupiais no Brasil. Dinâmica Populacional de Marsupiais. Mato grosso do Sul.p. 95. p.109. 2012
Tabela: A seguinte tabela apresenta a distribuição de marsupiais de diversas espécies pelos biomas brasileiros, incluindo a Marmosa murina. Essas espécies foram registradas como comum, restrito, marginal e raro. Onde restrito indica um pequeno nível de animais distribuídos no bioma indicado. Marginal indica espécies que se localizam em áreas de biomas que fazem fronteira. A denominação rara indica cinco ou menos animais no bioma destacado. Podemos perceber portanto usando como base dados de 2012 que a Marmosa murina pode ser comumente encontrada na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica. Indo de forma oposta a isso, essa espécie raramente é encontrada no bioma da Caatinga.
Assim como qualquer animal arborícola, a Marmosa murina pode enfrentar alguns problemas relacionados a sua locomoção em árvores, e dentro dessas questões temos:
Há ainda outras tantas questões que podem dificultar o desenvolvimento da Marmosa murina nesse ambiente árboreo.
O Marmosa murina foi classificado como insetívoro-onívoro, porém são poucas as informações sobre sua dieta. Nas regiões da Guiana Francesa esta espécie se alimenta de sementes de frutas e pequenos invertebrados, mas nada impede que complementem sua dieta com frutos maiores como alguns pesquisadores encontraram em suas fezes pequenas rãs.
Sua dieta é composta por insetos e frutos que aumentam em período de maior pluviosidade e proporcionalmente ocorre o maior aparecimento dessa espécie. Ao que indica os estudos (Julien-Laferrière, 1999; Vieira & Izar, 1999; Lessa & Costa, 2010), as espécies de Marmosa parecem se atrair por frutos de coloração verde, por serem animais noturnos que se guiam pelo olfato procuram sempre frutos com cheiros mais atrativos.
Através de estudos ainda não foi reconhecido nenhum padrão de fato sobre a alimentação da Marmosa, o que impossibilita averiguar a existência de uma síndrome de dispersão. A síndrome de dispersão se caracteriza pela preferência de animais por certas dietas de frutos que ajudam na dispersão dessas sementes em certas regiões.
Por ser um animal arborícola, sua alimentação pode se desenvolver de forma mais facilitada devido a proximidade que se tem com as frutas dessas árvores e insetos que também vivem nessa área florestal, ademais, por ser um animal que vive também no solo pode encontrar diversidade de alimentos.