Lémure-de-cauda-anelada

Lémure-de-cauda-anelada

(lêmure-de-cauda-anelada em pb)

Reino
Filo
Subfilo
Classe
Ordem
Subordem
Superfamília
Superfamília
Espécies
Lemur catta
Tamanho da população
10-100 Thou
Vida útil
15-33 years
Velocidade máxima
20
12
km/hmph
km/h mph 
Peso
2.5-3.5
5.5-7.7
kglbs
kg lbs 
Comprimento

O lémure-de-cauda-anelada (lêmure-de-cauda-anelada em PB) (Lemur catta) é um primata estrepsirrino de grandes dimensões e o lémure mais reconhecível devido à sua cauda anelada de cores preta e branca. Pertence à família Lemuridae, uma das quatro famílias de lémures. É o único membro do género Lemur. Tal como os outros lémures é endémico da ilha de Madagáscar. Denominado localmente por hira (malgaxe) ou maki (francês e malgaxe), habita florestas de galeria e zonas arbustivas de espinhosas, nas regiões mais a Sul da ilha. É herbívoro e é o mais terrestre dos lémures. O animal é diurno, estando ativo exclusivamente em horas com luz de dia.

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O lémure-de-cauda-anelada é altamente social, vivendo em grupos de até 30 indivíduos. Quem domina são as fêmeas, uma característica comum nos lémures mas pouco comum entre outros primatas. Para permanecerem quentes e para reafirmar os laços sociais, amontoam-se formando uma bola de lémures. O lémures-de-cauda-anelada também expõe o seu corpo ao Sol, sentando com postura ereta encarando a superfície inferior, com o seu pelo branco mais fino exposto em direção à luz solar. Como outros lémures, esta espécie depende fortemente do sentido do olfato e marca o seu território através de glândulas odoríferas. Os machos têm uma forma peculiar de marcação por odores e participam num comportamento de luta de cheiros, impregnando a sua cauda com o seu odor e provocando lufadas de cheiro contra os oponentes.

Sendo um primatas mais vocais, o lémure-de-cauda-anelada utiliza numerosas vocalizações, incluindo avisos de alarme e de coesão de grupo.. Apesar de não possuir um cérebro muito grande (em relação aos primatas simiformes), experiências mostraram que o lémure-de-cauda-anelada pode organizar sequências, perceber operações aritméticas básicas e selecionar preferencialmente ferramentas com base nas suas qualidades funcionais.

Apesar de estar listada como espécie quase ameaçada pela Lista Vermelha da IUCN e sofrendo de destruição de habitat, o lémur-de-cauda-anelada reproduz-se de maneira expedita em cativeiro e é o lémure com maior população em jardins zoológicos de todo o mundo, atingindo números superiores a dois mil indivíduos. Vive tipicamente 16 a 19 anos em estado selvagem e 27 anos em cativeiro.

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Aparência

Um lémure-de-cauda-anelada adulto pode ter um comprimento corporal entre 39 e 46 cm e um peso entre 2,3 e 3,5 kg. A espécie tem uma estrutura esguia e um focinho estreito, reminiscente do focinho vulpino. Como todos os lémures, as patas traseiras são mais compridas que as patas dianteiras. As fêmeas possuem dois pares de glândulas mamárias. mas apenas um par é funcional.

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Glândulas odoríferas não cobertas de pelo estão presentes nos machos e nas fêmeas. Os dois sexos apresentam glândulas apócrinas e sebáceas nas suas regiões genitais, assim como glândulas antebraquiais localizadas na superfície interna do antebraço, na proximidade do pulso. No entanto, apenas o macho possui um espigão coreáceo que se sobrepõe a esta glândula odorífera. Os machos também possuem glândulas braquiais na superfície axilar dos ombros.

A imagem de marca do lémure-de-cauda-anelada é a sua cauda longa e espessa, anelada alternativamente com riscas pretas e brancas, com número de 13 a 15 para cada cor, terminando sempre numa ponta de cor preta. A sua cauda é mais comprida que o seu corpo, medindo até 64 cm de comprimento. A cauda não é preênsil e apenas é usada para balanço, comunicação e coesão de grupo.

A sua pelagem é densa. A cobertura ventral e a garganta são de cor branca ou creme, e a cobertura dorsal é cinzenta a castanho rosado. O topo cranial é cinzento escuro, enquanto que as orelhas e bochechas são brancas. O focinho é cinzento escuro e o nariz é preto. A região dos olhos possui uma mancha em forma de losango.

A pele preta é visível no nariz, genitais, nas palmas e solas dos membros. O lémure-de-cauda-anelada partilha várias adaptações com outros lémures. Os dedos são esguios, almofadados, possuindo unhas semelhantes aos seres humanos. Catam-se oralmente, lambendo e raspando com os dentes através de caninos e incisivos estreitos, formando uma fileira de dentes em fuso chamado pente dental. A finalizar, possui uma garra higiénica no segundo dedo de cada pata traseira, especializada para a autocatação, especificamente para esquadrinhar através do pelo que não pode ser alcançado pela boca.

Os olhos da espécie podem ter uma coloração amarela brilhante ou laranja. Ao contrário da maioria dos primatas diurnos, mas semelhante a todos os primatas estrepsirrinos, o lémure-de-cauda-anelada possui um tapetum lucidum ou camada reflexiva por detrás da retina, que melhora a visão noturna.

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Vídeo

Distribuição

Geografia

Endémico das regiões Sul e Sudoeste de Madagáscar, o lémure-de-cauda-anelada ocupa terras altas mais que outros lémures. Habita florestas decíduas, zonas arbustivas secas, zonas florestais húmidas de montanha e floresta de galeria (junto a margens de rios). Prefere largamente as florestas de galeria, mas tais florestas têm sido quase totalmente destruídas da maior parte de Madagáscar de maneira a serem transformadas em pastagens para o gado. Dependendo da localização, as temperaturas dentro da área de distribuição podem variar entre −7 °C e 48 °C.

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Esta espécie pode ser encontrada tão a Leste como a região de Tôlanaro, a Norte até Belon'i Tsiribihina, e ao longo da costa Oeste e das zonas montanhosas de Andringitra no planalto Sudeste. Pode ser encontrada também na Reserva Berenty, Parque Nacional Andohahela, Parque Nacional Isalo e Parque Nacional Zombitse-Vohibasia.

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Lémure-de-cauda-anelada Mapa do habitat

Zonas climáticas

Lémure-de-cauda-anelada Mapa do habitat

Hábitos e estilo de vida

O lémure-de-cauda-anelada é diurno e semi-terrestre. É a espécie de lémure mais terrestre, passando até cerca de 33% do tempo no solo. No entanto, é ainda consideravelmente arborícola, passando 23% do tempo na copa florestal de nível médio, 25% do tempo na copa superior, 6% na camada emergente e 13% em pequenos arbustos. As movimentações em grupo são 70% terrestres.

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O tamanho dos grupos, a área do território e a densidade populacional variam de região para região e também segundo a disponibilidade de comida. Os grupos são tipicamente formados de 6 a 25 indivíduos, apesar de terem sido registados grupos com mais de 30 indivíduos. O número médio de indivíduos num grupo é de cerca de 13. A área do território varia entre 6 e 35 hectares. Os grupos de lémure-de-cauda-anelada mantêm o seu território, mas a sobreposição é muitas vezes elevada. Quando encontros ocorrem, possuem comportamento agonístico ou hostil na natureza. Um grupo ocupa normalmente a mesma parte do seu território por três ou quatro dias antes de se afastarem para outros locais. Quando se move, a distância de viagem média ronda um quilómetro. A densidade populacional varia entre 100 indivíduos por quilómetro quadrado em florestas secas e 250-600 indivíduos por quilómetro quadrado em florestas de galeria e florestas secundárias.

O lémure-de-cauda-anelada possui predadores nativos e predadores introduzidos. Os predadores nativos incluem a fossa (Cryptoprocta ferox), as aves das espécies Polyboroides radiatus e Buteo brachypterus e a espécie de serpente Boa madagascariensis. Predadores introduzidos incluem o viverrídeo Viverricula indica, o gato doméstico e o cão doméstico.

Os grupos são classificados como multi-macho/multi-fêmea, com uma matrilinearidade como grupo nuclear. Assim como a maioria dos lémures, as fêmeas dominam socialmente os machos em todas as circunstâncias, incluindo a prioridade alimentar. A dominância é reforçada por comportamentos como os de agarrar, morder, perseguir e bater. As fêmeas juvenis não herdam o estatuto social das mães e os machos deixam o grupo quando têm entre três e cinco anos de idade. Ambos os sexos têm as suas hierarquias de dominância separadas: as fêmeas possuem uma hierarquia distinta enquanto que nos machos o estatuto está correlacionado com a idade. Cada grupo possui entre um a três machos adultos de estatuto elevado e central, que interagem com as fêmeas mais do que outros machos do grupo e lideram os movimentos do grupo juntamente com as fêmeas de estatuto elevado. Machos transferidos recentemente, machos idosos ou machos novos adultos, que não tenham já deixado o grupo natal têm muitas vezes estatutos sociais mais baixos. Permanecendo na periferia do grupo, tendem a ser marginalizados das atividades do mesmo.

Para os machos, as mudanças de estrutura social podem ser sazonais. Durante o período de seis meses entre Dezembro e Maio, alguns machos migram entre grupos. Machos estabelecidos transferem-se a cada 3,5 anos, apesar de os machos jovens o fazerem a cada 1,4 anos. A cisão de um grupo ocorre quando os mesmos se tornam demasiado grandes e os recursos se tornam escassos.

Durante as manhãs, o lémure-de-cauda-anelada toma banhos de Sol para se aquecer. Encara o Sol, sentado, numa posição que é frequentemente descrita como de adoração ao Sol ou como de posição de lótus. No entanto, sentam-se com as patas estendidas para fora e não cruzadas e algumas vezes suportam o seu corpo agarrando-se a ramos próximos. Apanhar Sol é muitas vezes uma atividade de grupo, em particular durante as manhãs frias. De noite, os grupos separam-se em subgrupos para dormir, mantendo-se os indivíduos bem juntos para se manterem aquecidos. Um grupo de lémures juntos desta maneira é dado o nome de bola de lémures.

Apesar de ser quadrúpede, o lémure-de-cauda-anelada pode ter uma posição ereta e balançar-se nas patas traseiras, normalmente quando faz exibições agressivas. Quando ameaçado, o lémur-de-cauda-anelada pode saltar no ar e atacar com as unhas curtas e dentes caninos superiores afiados, num comportamento designado de luta de saltos. Isto é extremamente raro fora da época de reprodução, quando as tensões são altas e a competição para acasalamento é intensa. Outros comportamentos agressivos incluem o olhar fixo ameaçador, usado para intimidar ou para começar uma luta, e também gestos de submissão.

Disputas fronteiriças com grupos rivais ocorrem ocasionalmente e é responsabilidade da fêmea dominante defender o território do grupo. Encontros agonísticos incluem fixar o adversário e ocasionais agressões físicas, sendo concluídos com os membros do grupo a retirarem-se para o centro do seu território.

A comunicação olfativa é muito importante para os prossímios como o lémure-de-cauda-anelada. Machos e fêmeas fazem marcação territorial através de cheiros, em superfícies verticais e horizontais, à volta da sua área de distribuição, fazendo uso das suas glândulas odoríferas anogenitais. O lémure-de-cauda-anelada coloca-se apoiado nas patas dianteiras para marcar superfícies verticais, raspando o ponto mais alto com as pata traseiras ao mesmo tempo que aplica o seu cheiro. O uso de marcações através do cheiro varia conforme a idade, sexo e estatuto social. Os machos usam as suas glândulas braquiais e antebraquiais para demarcar territórios e para manter as hierarquias de dominância dentro do grupo. O espigão que se localiza junto à glândula antebraquial, em cada pulso, é raspado contra troncos de árvores para criar sulcos repletos com cheiro. Este comportamento é denominado marcação por espigão.

Em exibições de agressividade, os machos exibem um comportamento social denominado luta de cheiros, que envolve a impregnação das suas caudas com secreções das glândulas antebraquiais e braquiais, abanando a cauda contra machos rivais. Durante a época de reprodução, os machos abanam as suas caudas com cheiros para as fêmeas, como forma de comportamento sexual; isto normalmente resulta na fêmea bater ou morder o macho, provocando vocalizações de subordinação por parte deste.

O lémure-de-cauda-anelada é um dos mais vocais primatas e possui um complexo conjunto de vocalizações usadas para manter a coesão do grupo durante as suas atividades, como a procura de alimento, e para lertar os membros do grupo da presença de um predador. Os chamamentos variam de simples a complexos. Um exemplo de vocalização simples é semelhante a um pprrr (? ouvir), que expressa satisfação. Uma vocalização complexa é a sequência constituída por cliques, séries de clique com boca fechada, série de cliques de boca aberta e berros (? ouvir) usada durante ameaça de predadores. Algumas vocalizações possuem variantes e sofrem transições entre variantes, tal como a transição de uma variante do chamamento de perigo/aflição por parte de recém-nascidos, para outra variante (? ouvir).

A vocalizações mais vezes ouvidas são o gemido (? ouvir), o choro (? ouvir) com um som mais agudo, e os cliques (? ouvir) (para atrair a atenção).

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Comportamento sazonal

Dieta e nutrição

O lémure-de-cauda-anelada é um omnívoro oportunista, comendo primariamente frutas e folhas, com particular destaque para os da espécie Tamarindus indica, denominada localmente por kily. Quando disponível, esta espécie vegetal proporciona até 50% da sua dieta, especialmente durante a época seca de inverno. O lémure-de-cauda-anelada pode alimentar-se a partir de três dúzias de espécies vegetais diferentes, e a sua dieta inclui flores, herbáceas, casca e seiva de vegetais. Foi observado a comer madeira apodrecida, terra, teias de aranha, casulos de insetos, artrópodes (aranhas, lagartas, cigarras e gafanhotos) e pequenos vertebrados (aves e camaleões).. Durante a época seca aumenta o seu comportamento oportunista.

Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

O lémure-de-cauda-anelada pratica a poliginia, apesar de o macho dominante do grupo se reproduzir com mais fêmeas do que outros machos. As lutas são mais comuns durante a época de reprodução. Uma fêmea receptiva pode iniciar o acasalamento, apresentando o dorso, levantando a cauda e olhando para o macho desejado por cima do ombro. Os machos podem inspecionar os genitais da fêmea para determinar a receptividade. As fêmeas normalmente acasalam dentro do grupo, mas poderão também procurar machos fora do seu grupo.

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A época de reprodução vai de meio de Abril até meio de Maio. O cio dura 4 a 6 horas, e as fêmeas acasalam com múltiplos machos durante este período. Dentro de um grupo, as fêmeas alternam a sua receptividade de maneira a que cada fêmea esteja receptiva em dias diferentes da época de reprodução, reduzindo assim a competição para a atenção dos machos. A gestação dura cerca de 135 dias e o parto ocorre em Setembro ou ocasionalmente em Outubro. No estado selvagem, ter uma cria é a norma, apesar de poderem ocorrer gémeos. As crias de lémure-de-cauda-anelada têm um peso à nascença de 70 g e são transportadas ventralmente (no peito) durante a primeira ou duas primeiras semanas de vida, e depois dorsalmente (nas costas).

Os jovens lémures começam a ingerir comida sólida com dois meses de vida e são totalmente desmamados após cinco meses. A maturidade sexual é atingida entre 2,5 e 3 anos. O envolvimento dos machos no cuidado das crias é limitado, apesar de o grupo inteiro, qualquer que seja a idade ou sexo do membro, poder ser visto a tratar dos jovens. A aloparentalidade entre fêmeas de um grupo foi já observada. Raptos por parte de fêmeas e infanticídio por parte de machos também ocorrer ocasionalmente. Devido às duras condições ambientais, a predação e acidentes como quedas, a mortalidade infantil pode ser tão alta como 50% dentro do primeiro ano e por vezes só cerca de 30% dos indivíduos chegam a adultos. O lémure-de-cauda-anelada pode viver entre 16 a 19 anos (27 anos em cativeiro).

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População

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Referências

1. Lémure-de-cauda-anelada artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9mure-de-cauda-anelada
2. Lémure-de-cauda-aneladano site da Lista Vermelha da IUCN - http://www.iucnredlist.org/details/11496/0

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