Puma concolor

Puma concolor

Suçuarana, Leão-baio

Reino
Filo
Subfilo
Classe
Ordem
Subordem
Família
Género
Espécies
Puma concolor
Tamanho da população
Bnelow 50,000
Vida útil
10-20 years
Velocidade máxima
45
28
km/hmph
km/h mph 
Peso
29-100
63.8-220
kglbs
kg lbs 
Altura
60-90
23.6-35.4
cminch
cm inch 
Comprimento
2-2.4
6.6-7.9
mft
m ft 

A onça-parda (português brasileiro) ou puma (português europeu) (nome científico: Puma concolor), também conhecida no Brasil por suçuarana e leão-baio, é um mamífero carnívoro da família dos felídeos (Felidae) e gênero Puma, nativo da América. Foi originalmente classificada no gênero Felis, mas estudos genéticos demonstram que a espécie evoluiu em uma linhagem próxima à chita (Acinonyx jubatus) e ao gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi). É o mamífero terrestre com a maior distribuição geográfica no ocidente, ocorrendo desde a Columbia Britânica, no Canadá, até o extremo sul do Chile, habitando desde florestas densas, até áreas desérticas, com clima tropical ou subártico, exceto a tundra. É capaz de sobreviver em áreas extremamente alteradas pelo homem, como pastagens e cultivos agrícolas.

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É o maior membro da subfamília dos felíneos (Felinae), medindo até 155 centímetros de comprimento, sem a cauda, e pesando até 72 quilos, com porte semelhante ao do leopardo (Panthera pardus), sendo o segundo maior felídeo das Américas. Possui coloração variando do cinzento ao marrom-avermelhado, com a ponta da cauda de cor preta, áreas laterais do focinho e ventre de cor brancas. Os filhotes nascem com manchas escuras na pelagem, que geralmente persistem até 14 semanas de idade. Possui as mais longas patas traseiras dentre os felinos. Vivem em média, entre 7,5 e 9 anos de idade.

É um animal solitário e mais ativo à noite. Alimenta-se predominantemente de cervídeos, mas pode variar a dieta, sendo considerada um predador oportunista. A presença de outros carnívoros influencia diretamente a escolha das presas e ambientes de caça. As áreas de vida variam de 50 a 1000 quilômetros quadrados, com machos sendo territoriais e possuindo grandes áreas se sobrepondo ao de várias fêmeas. As fêmeas possuem vários estros no ano, possuem uma gestação que dura entre 90 e 96 dias e geralmente nascem entre 3 e 4 filhotes, a cada 2 anos, aproximadamente.

A onça-parda não é considerada em risco de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, mas já foi extinta em algumas localidades da América do Norte e Central e do Sul. As principais causas disso são a caça, seja por esporte ou retaliação por ataques ao gado, fragmentação e destruição do habitat, e em áreas muito populosas, atropelamentos. A dizimação dessas populações no leste dos Estados Unidos, na Flórida, é um bom exemplo dos efeitos deletérios do isolamento populacional. Apesar disso, existe uma tendência de recolonização do centro-leste norte-americano. Dado sua força e elegância, esse felino foi representado em inúmeras culturas americanas, mas nas sociedades ocidentais atuais, as relações muitas vezes são conflituosas, seja por ataques aos animais domésticos, seja por ataques aos seres humanos.

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Aparência

É um felídeo de grande porte, sendo o maior membro da subfamília dos felíneos (Felinae), medindo entre 86 e 155 centímetros de comprimento sem a cauda. Tem entre 60 e 70 centímetros na altura da cernelha. Os machos pesam entre 53 e 72 quilos e as fêmeas são menores, pesando entre 34 e 48 quilos. Já houve o registro de um macho excepcionalmente pesado, com 120 quilos. As populações que ocorrem nos extremos latitudinais tendem a ser maiores que aquelas que ocorrem nas regiões equatoriais: no Peru, foi registrada uma média de 28 a 30 quilos para machos, ao passo que indivíduos no Chile ou Canadá, pesam entre 65 e 85 quilos. Provavelmente, isso tem relação causal com o tamanho das presas ingeridas nessas diferentes latitudes e com a presença da onça-pintada (Panthera onca), de maior porte. Seu porte é semelhante ao do leopardo (Panthera pardus), sendo o segundo maior felídeo das Américas.

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A onça-parda tende a ter um porte esguio e as pernas traseiras são relativamente longas, sendo as mais longas em comparação aos outros felídeos. Provavelmente, tal conformação é uma adaptação a grandes saltos. A onça-parda é capaz de pular até 5,5 metros de altura. A cauda é longa, cilíndrica, com um formato de "J", tendo cerca de um terço do comprimento do corpo, medindo entre 60 e 97 centímetros de comprimento. Possuem garras retráteis, que não ficam totalmente embainhadas quando em repouso, o que é mais semelhante aos pequenos felinos do que aos grandes felinos da subfamília Pantherinae. A pegada é parecida com do cachorro-doméstico, mas geralmente não apresentam as marcas das garras. Além disso, possui um formato mais arredondado e presença de três "lobos" na região do calcanhar. As marcas dos dedos também são mais espaçadas, assimétricas e comparativamente menores com relação à almofada plantar quando comparadas com as pegadas de cães. A pegada da onça-parda também é semelhante a da onça-pintada (Panthera onca), mas as marcas dos dedos são mais finas e pontudas, e o comprimento é maior que a largura.

A pelagem varia do acinzentado claro até o marrom-avermelhado no dorso, com as regiões ventrais de cor mais clara, quase branco. A lateral do focinho, atrás das orelhas e a ponta da cauda é de cor preta ou marrom-escuro. A região medial do focinho e o queixo são brancos. O melanismo foi pouco registrado na espécie e raros casos foram reportados somente em animais na América do Sul. O albinismo é considerado mais raro ainda. Os filhotes possuem rosetas irregulares ao longo do corpo, que possui coloração mais fosca. Esse padrão de coloração persiste durante as primeiras 12 ou 14 semanas, mas as manchas podem persistir de forma mais discreta até cerca de 1 ano de idade. Já foram observados indivíduos com três anos de idade em que ainda apresentava listras escuras na parte superior dos membros anteriores. A cor das pupilas também é diferente nos filhotes, sendo azuis nos recém-nascidos e se tornando acinzentadas ou douradas no adulto. As orelhas são arredondadas e sem tufos, o que permite distinguir de outros felinos, como os linces. Possui 8 mamilos na região ventral, porém apenas 6 são funcionais. A língua é coberta por papilas ásperas. O sexo é difícil de ser determinado, dado que a onça-parda não possui um pênis distinto externamente e os testículos não estão evidentemente fora do corpo no escroto. Em animais juvenis e filhotes a determinação é mais difícil ainda.

O crânio é relativamente pequeno (medindo entre 15,8 e 23,7 centímetros de comprimento) e o osso nasal possui formato convexo, o que permite diferenciar do crânio da onça-pintada (Panthera onca), que além de maior, possui um formato côncavo do osso nasal. Ele também continua crescendo em comprimento mesmo na idade adulta, com o crescimento persistindo até os 7 e 9 anos de idade nos machos, e 5 e 6 anos nas fêmeas. Apesar do crânio ser de tamanho semelhante às espécies da subfamília Pantherinae, a onça-parda retém as proporções dos membros da subfamília dos felíneos, sendo semelhante ao gênero Lynx. Apesar de geneticamente a onça-parda ser mais próxima do gato-mourisco (Puma yagouaroundi), o crânio é mais semelhante ao da chita (Acinonyx jubatus), compartilhando com esta espécie o crânio menos alongado e expandido, com arco zigomático expandido.

A mandíbula é maciça e estruturada de tal forma, que apenas é possível o movimento de abre e fecha. A fórmula dentária é, e os caninos são relativamente pequenos e de formato cônico, sem sulcos. O diâmetro dos caninos nos machos é maior que nas fêmeas, tendo mais de 12,5 milímetros. O comprimento também é maior, sendo maior que 30 milímetros em machos adultos. O terceiro pré-molar é relativamente desenvolvido, ao contrário do quarto pré-molar e do único molar. Como outros felídeos, possui as clavículas bem desenvolvidas, contrastando com a maior parte dos carnívoros. Os dentes possuem seu maior tamanho quando possuem cerca de 2 anos de idade e ao longo do envelhecimento, o desgaste dos dentes diminui seu tamanho. A onça-parda possui carniceiros bem desenvolvidos e os utiliza para cortar e mastigar partes duras. A dentição decídua pode persistir até 16 meses de idade.

Possui um estômago simples, como os outros felídeos, sendo capaz de armazenar até 10 quilos de comida e o ceco é pequeno. Apesar do grande porte, não é capaz de rugir, por falta da laringe e osso hioide especializados neste tipo de vocalização, como em Panthera. O aparato hioide é inserido próximo à base do crânio e não está ligado por músculos no pescoço.

A onça-parda possui 38 cromossomos, sendo apenas um par, acrocêntrico, com o restante dos pares sendo metacêntricos. A espécie pode hibridizar com outras espécies de felídeos, como a jaguatirica (Leopardus pardalis), o leopardo (Panthera pardus) e a onça-pintada (Panthera onca), mas isso foi relatado apenas em cativeiro.

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Vídeo

Distribuição

Geografia

A onça-parda possui a maior distribuição geográfica entre os mamíferos terrestres do Ocidente. Historicamente, a espécie era encontrada desde a Columbia Britânica até o extremo sul do Chile, ocorrendo por quase todo o continente ao longo dessa distribuição, com exceção do Caribe e de algumas regiões desérticas do Chile. Recentemente, foi confirmada sua presença no território do Yukon, no Canadá. Apesar da presença da espécie na região ter sido suspeita desde 1944, somente em 2000 um espécime foi avistado e capturado no sudoeste de Yukon, e não é sabido se trata de uma população com baixíssima densidade ou de indivíduos de passagem.

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A espécie foi extinta do leste dos Estados Unidos no fim dos anos de 1890, com exceção de uma pequena população isolada na Flórida, na região das Everglades Atualmente existem cerca de 20 mil a 40 mil onças pardas vivendo no oeste dos Estados Unidos. Não existem registros recentes da espécie na Nicarágua, El Salvador e Honduras, na América Central; e em várias regiões da Venezuela, Peru, Argentina e no Uruguai, na América do Sul. No Brasil, provavelmente está extinta da faixa litorânea que se estende desde o Maranhão até Sergipe, assim como em parte do leste da Bahia.

Dado sua ampla distribuição, a onça-parda possui grande adaptabilidade e ocorre em inúmeros habitats, desde áreas desérticas até densas florestas, áreas de clima tropical e subártico, do nível do mar até 5 800 metros de altitude, só não ocorrendo na tundra. Esse felino procura ocupar áreas com grande quantidade de locais em que seja possível criar emboscadas e com abundância de pelo menos uma espécie de animal de médio porte. Entretanto, não raro, a onça-parda pode ser encontrada em ambientes absolutamente sem vegetação, como desertos. Aparentemente, em algumas regiões dos Estados Unidos, a espécie está ocorrendo em habitats onde antes não ocorria, dado a introdução de espécies de cervídeos. Ela pode evitar áreas em que ocorre a onça-pintada (Panthera onca), ocupando, muitas vezes, áreas mais secas e abertas quando comparadas com o habitat da onça-pintada.

É tolerante a alterações do ambiente provocadas pelo homem e se não caçada, pode existir em áreas altamente fragmentadas. Áreas de habitat conectados com baixa cobertura vegetal e reflorestamentos com níveis intermediários de distúrbios também são viáveis para a espécie. No nordeste do estado de São Paulo foi constatado que ela utiliza fragmentos tão pequenos quanto 30 ou 14 hectares, apesar de em outras regiões da Mata Atlântica não utilizar fragmentos menores que 300 hectares. Mesmo assim, pode ser encontrada em pastagens, plantações de cana-de-açúcar e de Eucalyptus.

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Puma concolor Mapa do habitat
Puma concolor Mapa do habitat
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Hábitos e estilo de vida

Assim como a maior parte dos felídeos, a onça-parda é bem solitária, com o pico de sua atividade no crepúsculo ou à noite, descansando no resto do dia. Na Flórida, as onças são mais ativas entre 1 e 7 da manhã, e entre as 18h e 22h. Apesar disso, é possível encontrá-la caçando durante o dia, dependendo de qual é o comportamento de suas presas em determinada região. Muitas vezes, fêmeas com filhotes caçam durante o dia. Entretanto, em ambientes com alta densidade e atividades humanas, a onça-parda é praticamente noturna.

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Existem poucos estudos sobre as distâncias percorridas pela onça-parda em suas atividades diárias, mas os machos geralmente andam distâncias maiores que as fêmeas, principalmente se estas têm filhotes. No Novo México, dois machos percorreram distâncias entre 5,2 e 7,9 quilômetros em um dia, enquanto que as fêmeas percorreram distâncias entre 1 e 3,2 quilômetros. Já foi reportado o caso de um macho que percorreu até 32 quilômetros em uma única noite. Embora grande parte desse deslocamento seja feito no solo, a onça-parda é uma excelente escaladora e é capaz de nadar grandes distâncias.

Dado seu grande porte, é considerada um superpredador, e por isso, tem um importante papel no controle populacional de mesopredadores, de porte menor. Há controvérsia sobre o efeito da predação de onça-parda nas populações de grandes mamíferos herbívoros: embora ela cace espécies de grande porte como o alce (Alces alces) e o uapiti (Cervus canadensis), ela não parece influenciar no tamanho populacional dessas espécies.

Frequentemente, coexiste com outros predadores e a competição com essas espécies pode ser maior ou menor, dependendo do ambiente e abundância de presas. Na América do Norte, durante o inverno, existe maior competição com o lobo (Canis lupus), coiote (Canis latrans) e o lince-pardo (Lynx rufus); na América do Sul, a competição com a onça-pintada (Panthera onca) é frequente, apesar de que muitas vezes, a onça-parda optar por ambientes mais secos e presas menores, havendo pouca sobreposição na dieta desses felinos. Interessantemente, a presença de outros predadores pode facilitar o acesso a algumas presas: a presença de lobos, em Montana, faz com que o cariacu (Odocoileus virginianus) prefira áreas mais densas e florestadas, o que facilita a caçada desses cervídeos pela onça-parda. Em contrapartida, as onças podem evitar caçar em locais mais abertos e descampados, onde predominam lobos e que podem ser potenciais predadores quando em bandos, principalmente de filhotes.

A competição com outras espécies de carnívoros se dá muitas vezes de forma indireta, quando coiotes ou linces se alimentam de carcaças mortas pela onça-parda. É possível que carnívoros maiores, como o urso-pardo (Ursus arctos), possam matar uma onça em confrontos diretos.

Como a maior parte dos felídeos, a onça-parda é geralmente uma caçadora solitária. Fêmeas com filhotes dependentes é a unidade social mais estável na onça-parda, durando até o momento que os filhotes se tornam subadultos. Machos podem se associar com fêmeas que possui filhotes, mas eles não cooperam no cuidado com os filhotes. Por muito tempo, não foram observadas adultos se associando com outros do mesmo sexo e assumia-se que encontros sociais na onça-parda eram extremamente transitórios e casuais. Após estudos com armadilhas fotográficas e coleiras com GPS no Parque Nacional de Yellowstone e arredores, constatou-se que a vida social da onça-parda é complexa, com adultos podendo se tolerar e compartilhar alimentos, formando uma hierarquia, geralmente encabeçada por um macho e fêmeas adultas. A presença do macho parece ser preponderante para a estabilidade dessas unidades sociais que habitam um vasto território.

A área de vida varia de 50 quilômetros quadrados a mil quilômetros quadrados, variando de acordo com a produtividade do ambiente, abundância de presas e estações do ano. Os territórios dos machos são maiores que das fêmeas e acabam se sobrepondo sobre o maior número possível de áreas de fêmeas. Esses territórios tendem a ser de 1,5 a 3 vezes maiores: na América do Norte, a área de vida dos machos varia de 170 a 700 quilômetros quadrados, ao passo que a das fêmeas varia de 55 a 300 quilômetros quadrados. Na América do Sul, os valores tendem a ser menores no Pantanal (entre 32 e 155 quilômetros quadrados) e no Parque Nacional das Emas (entre 41 a 428 quilômetros quadrados).

Os machos são extremamente territoriais e o encontro entre dois machos pode resultar em uma combate capaz de levar a morte de um deles. Apesar disso, existe substancial sobreposição entre os territórios dos machos, que acabam evitando as áreas que são compartilhadas. A fim de demarcar o território e sinalizar a presença para outros machos e até mesmo para fêmeas, a onça-parda arranha troncos de árvores e o solo. Apesar de não investir diretamente no cuidado com a prole, a territorialidade impede que machos intrusos possam atacar e eventualmente matar filhotes de fêmeas dentro do território. Dado a vantagem adaptativa que os machos possuem em demarcar grandes territórios englobando várias fêmeas, eles tendem a dispersar mais longe de suas áreas natais: eles podem dispersar até cerca de 280 quilômetros de onde nasceram, ao passo que as fêmeas raramente dispersam para tão longe, dispersando, em média, cerca de 32 quilômetros. Visto esse padrão de dispersão, pode-se considerar que as fêmeas formam matrilíneas em uma dada região, visto haver uma leve filopatria das fêmeas. O período do ciclo estral e a presença de filhotes influenciam nos movimentos das fêmeas e tamanho de áreas de vida, limitando-os. Outro fato diferente do observado entre os machos, é que as áreas de vida das fêmeas se sobrepõem muito mais e com de mais indivíduos.

Apesar de solitária, a onça-parda possui uma ampla variedade de vocalizações, utilizadas em contextos agonísticos, sexual e parental. Rosnados, sopros e assobios são emitidos principalmente quando existe algum encontro agressivo; mãe e filhotes podem ronronar juntos, sinalizando satisfação; filhotes também podem miar, assobiar e emitir sons parecido com piados, a fim de solicitar alimento; em um contexto sexual, as fêmeas podem gritar de forma semelhante aos gatos. Para sinalizar territorialidade (nos casos dos machos) e identidade sexual, a onça-parda pode uivar, emitindo um som que pode ser pronunciado como iaul. Apesar do grande porte, não é capaz de rugir.

Além das vocalizações, a comunicação entre as onças-pardas se dá por meio de sinais visuais, como os arranhões feitos pelos machos, e sinais olfatórios, como urina, fezes e o próprio cheiro do pelo, quando o animal se esfrega em determinado local. Entretanto, o significado de cada um desses sinais ainda foi pouco investigado: muitas vezes, os arranhões podem ser apenas uma forma de afiar as garras, mas o cheiro deixado no local e a marca feita acaba sendo um sinal. Interessantemente, as fêmeas urinam ao detectarem marcas de arranhões feitas por machos, além de vocalizar nos arredores.

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Dieta e nutrição

A onça-parda é um animal essencialmente carnívoro e ao longo de sua distribuição geográfica, é um importante predador de cervídeos: na América do Norte, se alimenta principalmente das espécies do gênero Odocoileus; e na América do Sul, das espécies do gênero Blastocerus, Hippocamelus e Mazama. Entretanto, a onça-parda é um predador oportunista pois muda sua dieta alimentar de acordo com a disponibilidade de presas no ambiente, podendo se alimentar até mesmo de répteis, aves, peixes e insetos.

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As presas abatidas pela onça-parda na América do Norte tendem a ser maiores que aquelas abatidas nas Américas Central e do Sul: no norte, a espécie se alimenta principalmente de cervídeos pesando entre 39 e 48 quilos, enquanto que mais ao sul, sua dieta compõe-se de indivíduos entre 1 e 15 quilos. A dieta na América do Norte também tende a ser menos diversificada predominando os cervídeos, enquanto que nas Américas Central e do Sul, ela é mais diversa e oportunista. Dado esse oportunismo, nas Américas Central e do Sul, a onça-parda pode atacar animais de grande porte como o guanaco (Lama guanicoe), a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), a ema (Rhea americana), cavalos e o gado bovino.

A presença da onça-pintada parece influenciar no porte das presas da onça-parda, que tendem a ser menores em locais em que existe o grande felino malhado. Isso se reflete mesmo nos ataques realizados aos animais domésticos: enquanto a onça-pintada ataca cavalos, jumentos e o gado bovino adulto, a onça-parda ataca principalmente caprinos, ovinos, suínos e bezerros com até 1 ano de idade. Por caçar em ambientes mais secos do que os da onça-pintada, a onça-parda acaba preferencialmente atacando cervídeos (como ocorre na América do Norte), enquanto que mamíferos que vivem próximos a cursos d'água como a anta (Tapirus terrestris) e a queixada (Tayassu pecari) são preferencialmente atacados pela onça-pintada. Roedores como a paca (Cuniculus paca) e a cutia (Dasyprocta sp) também são importantes na dieta da onça-parda.

Apesar de se alimentar muitas vezes de ungulados terrestres, a onça-parda pode se alimentar de animais arborícolas, principalmente de primatas de porte médio, como bugios (Alouatta sp) e macacos-aranhas (Ateles sp). Primatas tendem a ser predados mais pela onça-parda do que pela onça-pintada. Como todo superpredador, a onça-parda se alimenta de mesopredadores como o quati (Nasua nasua), mão-pelada (Procyon cancrivoros) e Lobo-guará(Canis jubatus), apesar de a onça-pintada ser o principal predador desses animais.

Também caça outros predadores como por exemplo : Linces (Lynx rufus), Coiotes (Canis latrans), Raposas (Vulpes vulpes) e até grandes predadores como Lobos (Canis lupus) e jovens Ursos-pardos (Ursus arctos).

Como outros felídeos, utiliza a visão e audição para caçar. Quando está caçando, seus deslocamentos são mais longos e persistentes, mas param e sentam-se frequentemente, sempre atentas à presença de alguma presa. Quando esta é avistada, o felino a persegue por distâncias curtas ou arma uma emboscada: a onça-parda corre somente em alta velocidade curtas distâncias e o sucesso de sua caçada é maior se ela consegue se aproximar a menos de 2 metros da presa antes de persegui-la. Ao caçar cervídeos a perseguição é rápida e ocorre entre 10 e 15 metros a partir do local de contato. O ataque é feito geralmente na região da face e pescoço: a região da garganta é o sítio preferencial quando a onça-parda ataca grandes presas, como o alce (Alces alces) e o carneiro-selvagem (Ovis canadensis). Presas menores, incluindo outras onças, são atacadas preferencialmente na parte de trás da cabeça ou nas vértebras cervicais.

Após matar a presa, a onça-parda começa a se alimentar logo após as costelas, retirando o estômago e os intestinos, que raramente são consumidos. Após a retirada dessas vísceras, esse felídeo se alimenta dos pulmões, do coração, e do fígado e da musculatura das patas posteriores, a partir da região ventral. Como muitas vezes mata animais grandes demais para serem consumidos de uma vez, a onça esconde a carcaça sob folhas e terra, de forma a poder se alimentar em outras ocasiões. Tal comportamento na alimentação é característico da onça-parda, diferenciando da onça-pintada, que nunca cobre as carcaças sob folhas e geralmente começa a se alimentar das porções mais anteriores do animal abatido, deixando, muitas vezes, a parte posterior intacta. Deve-se salientar que bezerros com até 2 meses de idade podem ser ingeridos totalmente na primeira alimentação.

Seja por qual parte começa a ingerir a presa, a onça-parda se alimenta sentada, apoiada sobre as patas traseiras. Embora seu estômago possa comportar até 10 quilogramas, ela geralmente consome entre 2,2 e 2,7 quilogramas de carne por dia, para as fêmeas, e entre 3,4 e 4,3 quilogramas para os machos. Em muitos zoológicos, a quantidade de carne dada está entre 1,6 e 5,5 quilogramas de carne, e em liberdade, já foi reportado um macho que comia até 7,2 quilogramas de carne por dia.

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Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

A maior parte do que se sabe sobre o estro e ciclo reprodutivo da onça-parda provém de animais em cativeiro. A ovulação parece ocorrer durante 7 e 8 dias, mas pode variar entre 4 e 12 dias, em um ciclo que varia entre 12 e 16 dias em animais em cativeiro e entre 3 e 4 meses em liberdade. Caso os filhotes nasçam mortos ou sejam removidos, em poucas semanas a fêmea inicia um novo estro.

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A onça-parda possui um sistema de acasalamento promíscuo, visto que as fêmeas podem copular com vários machos, e vice-versa. O comportamento no acasalamento é semelhante ao dos outros felídeos, com as fêmeas apresentando, inicialmente, uma mistura de agressividade e proceptividade. A cópula dura menos de um minuto, como em outros grandes felinos: entretanto, ela é feita repetidas vezes em um curto período de tempo e a ovulação é induzida à medida que aumenta a frequência de cópulas. A fecundação, assim como outros felinos, ocorrem em taxas baixas, como foi observado no Novo México, das cerca de 147 cópulas observadas, apenas 33 resultaram em filhotes.

A gestação dura entre 90 e 96 dias, e o número de filhotes que nascem varia de 1 a 6, mas é mais comum nascerem 3 ou 4 filhotes por parto. Nascimentos podem ser observados durante o ano todo, mas na América do Norte, em regiões que o inverno é mais rigoroso, eles podem ocorrer preferencialmente entre abril e setembro. No sul do Chile, os nascimentos podem se concentrar entre fevereiro e julho. As fêmeas dão à luz cada 12 ou 34 meses, porém, em média, os intervalos de nascimento variam entre 17 e 20 meses. Deve-se salientar que nem todas as fêmeas se reproduzem numa dada população e foi registrado que no Novo México, apenas cerca de 75% das fêmeas deixam filhotes.

Os filhotes nascem pesando entre 226 e 453 gramas, possuindo manchas que persistem até os 3 ou 4 meses de idade. Os olhos abrem com cerca de 2 semanas, quando são capazes de brincar e interagir com seus irmãos. São amamentados até os 3 meses de idade, mas já se alimentam de carne com cerca de 6 semanas. Com seis meses de idade os filhotes acompanham a mãe em suas caçadas, mas não fazem isso todas as vezes. A independência dos filhotes não ocorre antes de um ano de idade, mas foi reportado filhotes que se tornaram órfãos com 7,5 e 9,8 meses de idade e sobreviveram. Entre 1,5 e 2,5 anos de idade, os indivíduos podem ser classificados como "subadultos", dado que são independentes da mãe, mas ainda não se reproduzem efetivamente. A maturidade sexual é alcançada cerca de 2 anos para os machos, mas estes só se reproduzem depois dos 3 anos de idade. As fêmeas se reproduzem antes e a que teve a reprodução mais precoce documentada possuía 18 meses de idade. Entretanto, já foi registrado uma fêmea que se reproduziu apenas com 43 meses de idade.

A longevidade em liberdade é desconhecida, mas em cativeiro, ela varia de 4 até 19,5 anos. Calcula-se que em média, a onça-parda viva entre 7,5 e 9 anos, mas poucos indivíduos conseguem alcançar tal idade em liberdade. Houve um caso, aparentemente excepcional, de uma fêmea que possuía 15 anos de idade, em estado selvagem, no sul do Brasil.

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População

Curiosidades para crianças

  • Os pumas geralmente comem apenas uma ou duas vezes por semana.
  • Eles não conseguem rugir da mesma forma que um leão, mas podem fazer com que soe como um grito humano.
  • Uma cidade inca no Peru, chamada Cusco, foi desenhada para ter a mesma forma de um puma.
  • Se os pumas não conseguirem acabar de comer a sua presa de uma só vez, eles escondem-na atrás de arbustos ou em baixo de folhas e voltam a ela mais tarde.
  • O puma é o segundo maior gato da América do Norte.
  • Os pumas têm uma almofada em forma de "M" com três lóbulos no calcanhar.

Coloring Pages

Referências

1. Puma concolor artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Puma_concolor
2. Puma concolorno site da Lista Vermelha da IUCN - http://www.iucnredlist.org/details/18868/0

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